quarta-feira, 2 de março de 2016

O álcool mata cada vez mais e ainda achamos “legal”

Publicado por Pedro Magalhães Ganem

O álcool mata cada vez mais e ainda achamos “legal”.

A prova disso é que eu estava a ver os lances da rodada da Champions League no site do GE, um dos maiores portais esportivos da nossa internet, quando vi uma propaganda sobre álcool, mais especificamente sobre a cerveja, sobre o “cervejeiro”.
Bastava começar a reproduzir os vídeos dos lances dos jogos que logo surgia em cima do vídeo a seguinte frase: “O MUNDO CERVEJEIRO É MAIOR DO QUE VOCÊ IMAGINA. DESCUBRA!”
Ao ver essa propaganda, imediatamente me questionei: Essa mensagem atingiu quantas pessoasQuantos jovens menores de 18 (dezoito) anos, apaixonados por futebol, viram essa mensagem e absorveram o seu conteúdo?
Hoje, o álcool está estampado em todos os lugares, mas a TV é o seu alvo predileto.
O esporte, então, se tornou a sensação alcoólica. Esporte +cerveja = combinação perfeita. Ao menos é isso o que querem que pensemos.
Afinal, “o mundo cervejeiro é maior do que você imagina” e você deve descobri-lo (não é mesmo?!).
Futebol é coisa de homem”, logo, a propaganda da cerveja visa atingir esse público (o masculino), seja de qual idade for. Não importa se é criança. Na verdade, é até melhor que seja jovem, pois, assim, desde cedo já nasce aquela vontade de “beber uma gelada”.
Isso tudo seria interessante, desde que o Brasil não fosse um dos países que mais contabilizam mortes em decorrência do álcool.
Atualmente, o Brasil ocupa a 5ª colocação nas Américas quando o assunto é morte em decorrência do álcool, com o impressionante número de 12 mortes para cada 100 mil habitantes por ano.
As taxas de mortalidade por consumo de álcool variam entre os países: as mais altas são as de El Salvador (uma média de 27,4 em 100 mil mortes por ano), Guatemala (22,3) e Nicarágua (21,3), México (17,8) e, em quinto lugar, do Brasil (12,2 para 100 mil mortes por ano).
Só para se ter uma ideia de como esses números são alarmantes, tivemos, em 2014,58.559 mortes intencionais violentas no Brasil (homicídios), o equivalente a 28 pessoas mortas para cada 100 mil habitantes, números não muito distantes das mortes por uso de álcool.
Lembrando que esses dados são relacionados às mortes pelo consumo do álcool enão dizem respeito àquelas mortes causadas por pessoas alcoolizadas(homicídio causado por pessoa bêbada, mortes no trânsito,...).
Pior fica quando observamos os números relativos às pessoas do sexo masculino:
Um relatório da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), lançado em agosto de 2015, aponta que, no Brasil, 73,9 homens a cada 100 mil habitantes morreram por causa do álcool em 2010, deixando opaís na terceira posição entre os países das Américas. Entre as mulheres foram 11,7 a cada 100 mil habitantes e a 11º colocação no ranking.
situação é tão ruim, que o alcoolismo é a oitava causa de concessão de auxílio-doençaconsumindo de 0,5% a 4,2% do PIB. Sem falar que o alcoolismo é oterceiro motivo para faltas e é a causa mais frequente de acidentes.
O lcool mata cada vez mais e ainda achamos legal
Não podemos mais tolerar essa farra publicitária sobre o álcool, principalmente a cerveja.
Beber não é normalFicar bêbado muito menos.
Temos que acabar com a boa imagem do álcool, como se beber fosse a solução dos problemas.
Ao que tudo indica, beber é o começo dos problemas.
Aí eu te pergunto: O uso, indiscutivelmente, faz mal à saúde. Cada vez mais o número de mortes cresce. O gasto público decorrente do consumo é enorme (seja para o SUS, para o INSS, para os empregadores, para a família, para a sociedade, …). Como, então, solucionar esses problemas? Será que é criminalizando a conduta?