quinta-feira, 6 de julho de 2017

Polícia Federal encerra força-tarefa exclusiva para a Lava Jato em Curitiba

O grupo de trabalho com agentes e delegados dedicados exclusivamente às investigações da Operação Lava Jato, em Curitiba, foi encerrado pela direção-geral da corporação. Agora, os policiais deixam de trabalhar exclusivamente para a força-tarefa e devem se dedicar a outros casos conduzidos pela Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros.
Em nota, a Polícia Federal (PF) alega que esse é o modelo de trabalho mais eficiente e que foi adotado nas demais superintendências.
A decisão da PF foi antecipada pelo procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, membro da força-tarefa pelo Ministério Público Federal (MPF), nas redes sociais na noite da última terça-feira (5). No texto, Lima crítica o sucateamento das instituições.
No final de maio, a equipe da Lava Jato foi reduzida por decisão da direção-geral da PF. O número de delegados caiu de nove para seis. Eles precisavam dar conta de mais de 100 inquéritos que estão em andamento. Na ocasião, a própria força-tarefa admitiu que a redução no efetivo causava dificuldades operacionais e impedia a realização do trabalho de forma satisfatória. Houve também corte de verbas destinadas à operação.
“A Polícia Federal não tem mais dinheiro para passaporte. A Força-tarefa da Polícia Federal na operação Lava Jato deixou de existir. Não há verbas para trazer delegados. Mas para salvar o seu mandato, Temer libera verbas à vontade”, declarou o procurador.
Diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello 
O sucateamento da força-tarefa foi denunciado pelo presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Miguel Sobral, em fevereiro deste ano. A associação chegou a formular um pedido de afastamento do diretor-geral da PF, Leandro Daiello, ao presidente Michel Temer (PMDB). “Há um entendimento entre os delegados que a administração não apoia de forma devida as operações na Polícia Federal. É cada vez mais difícil aos delegados ter acesso a recursos humano e material para continuar com as investigações”, declarou na época.
Em nota, a direção-geral da PF confirmou o fim do grupo de trabalho. Mas nega que as investigações da Lava Jato sejam prejudicadas. A assessoria de imprensa da PF também informou que deve dar mais detalhes das mudanças na tarde desta quinta-feira (6).
1. Os grupos de trabalho dedicados às operações Lava Jato e Carne Fraca passam a integrar a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (DELECOR);
2. A medida visa priorizar ainda mais as investigações de maior potencial de dano ao erário, uma vez que permite o aumento do efetivo especializado no combate à corrupção e lavagem de dinheiro e facilita o intercâmbio de informações;
3. Também foi firmado o apoio de policiais da Superintendência do Espírito Santo, incluindo dois ex-integrantes da Operação Lava Jato;
4. O modelo é o mesmo adotado nas demais superintendências da PF com resultados altamente satisfatórios, como são exemplos as operações oriundas da Lava Jato deflagradas pelas unidades do Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Paulo, entre outros;
5. O atual efetivo na Superintendência Regional no Paraná está adequado à demanda e será reforçado em caso de necessidade;
6. A Polícia Federal reafirma o compromisso público de combate à corrupção, disponibilizando toda a estrutura e logística possível para o bom desenvolvimento dos trabalhos e esclarecimento dos crimes investigados.
O Paraná Portal entrou em contato com a ADPF e com o Sindicato dos Delegados da Polícia Federal do Paraná (Sindpf/PR) e aguarda resposta.

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