O advogado
Elias Mattar Assad, que representa a família Yared no caso que
envolve ex-deputado Carli Filho, que provocou a morte de duas pessoas em
2009 ao dirigir bêbado e em alta velocidade, afirmou que a reconstituição,
antecipada para esta quinta-feira (12), confirmou o resultado da
perícia.
A
afirmação foi postada nas redes sociais:
“Acabamos
de tomar conhecimento que a perícia do processo civil, está coincidindo com a
anterior perícia oficial elaborada pelo Instituto de Criminalística”, postou o
advogado.
A reconstituição foi solicitada pela defesa do ex-deputado e
teve participação da polícia, do Corpo de Bombeiros e das partes
envolvidas.
A data da perícia foi alterada no
processo e a família da vítima só recebeu o comunicado da alteração da data na
quarta-feira (11).
O documento de resultado da perícia
será anexado ao processo civil, que discute indenização à
família responsabilização dos réus das esfera social e, de acordo com os
advogados de defesa e acusação, não tem impacto na esfera criminal, ação movida
pelo Ministério Público que pede a prisão de Carli Filho. “A ação
criminal já está em Brasília em série recursal e é muito difícil que o novo
documento seja aceito pelos ministros”, afirmou o advogado Gustavo
Scandelari, que defende o ex-deputado.
Procurada, a defesa de Carli na ação
civil, representada por José Roberto, não comentou o assunto. “O escritório não
está se manifestando sobre o caso, que está em sigilo decretado pelo juiz”,
disse.
Em carta aberta, a deputada
questionou o motivo da alteração da data. “De forma sorrateira, determinaram
que a reconstituição seja feita neste dia 12 de outubro, em pleno feriado
nacional, e nos comunicaram apenas na véspera do momento. Um completo absurdo.”
De acordo com o advogado que
representa a família Yared, André Portugal, a alteração da data não é uma
implicação no processo. “A Setran comunicou a alteração justamente por ser
feriado, já que terá bloqueio de ruas em dois períodos do dia, às 15h e às 20
horas. O que temos de grave é a realização da perícia, que não é necessária. É
um ato irrelevante nesse processo porque a versão que os réus deram acaba
confessando o crime”, explicou.
Ainda de acordo com Portugal a
perícia já foi realizada para o processo criminal. “Nós temos um recurso
alegando que a perícia é desnecessária. Não temos porque descrever aquilo que
já foi feito. A resposta não pode ser diferente da outra perícia, é uma ciência
exata que será utilizada pelo perito, nós já sabemos o resultado”, afirmou.
O advogado ainda esclarece que o
objetivo da ação civil é a conscientização da população e responsabilização dos
réus. “Não é financeiro, da indenização. Meus clientes deixaram claro que
querem o caráter pedagógico e punitivo. Queremos a responsabilização ampla de
todos aqueles que participaram direta ou indiretamente do acidente, por
exemplo: o carro estava em nome de uma empresa e queremos que ela seja punida –
era a dona da arma do crime. Buscamos o caráter pedagógico para que toda a
sociedade entenda as consequências de misturar álcool e direção”, explicou.
O Caso
Na madrugada de 7 de maio de 2009 o
então deputado estadual, que estava embriagado de acordo com os exames médicos
e dirigindo acima da velocidade permitida na via, causou um acidente de
carro que matou Gilmar Rafael de Souza Yared e de Carlos Murilo de Almeida.
Carli Filho foi denunciado por duplo
homicídio com dolo eventual, pelo entendimento do Ministério Público, ao
dirigir embriagado (com 7,8 decigramas por litro de sangue) e em alta
velocidade (a perícia indicou que seu carro estava a 163 km/h em uma via cuja
velocidade máxima é de 60 km/h) o então deputado assumiu o risco de matar. A
defesa sustenta a tese de crime de trânsito ou homicídio culposo.
Nesses oito anos, com recursos na
justiça, a defesa de Carli Filho já conseguiu impedir duas vezes a realização
do júri popular alegando que não houve um crime intencional.
Carta aberta de Chistiane Yared para a população – na íntegra
Oito anos depois da tragédia que
tirou a vida de meu filho e do amigo dele, de forma inexplicável autoridades
estatuais resolveram obrigar o perito constituído nos autos do processo a
alterar a data da perícia que será determinante para o desfecho deste processo
que assombra e machuca minha família há quase uma década.
De forma sorrateira, determinaram que
a reconstituição seja feita neste dia 12 de outubro, em pleno feriado nacional,
e nos comunicaram apenas na véspera do momento. Um completo absurdo.
O que pode estar por trás dessa
manobra?
Querem culpar meu filho, adulteraram
a imagem do posto de gasolina, sumiram com todas as imagens dos radares naquele
dia.
A tragédia não aconteceu no
cruzamento, meu filho já havia convertido a esquerda e foi atingido pelo Passat
do então deputado estadual.
Caiu em cima!
Não colidiu na lateral.
Quero contar com amigos, jornalistas,
familiares e todos que, assim como nossa família, estamos estarrecidos com a
morosidade e as artimanhas para retardar o desfecho desse caso tão doloroso e
que impede meu filho de descansar em paz.
Será neste dia 12 de outubro, às 15h,
no local da tragédia: Rua Monsenhor Ivo Zanlorenzi, esquina com a Rua Paulo
Gorski, Mossunguê – Curitiba (PR).
Que Deus nos abençoe!
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