quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Após morte de policial em acidente, PM irá aos EUA aprender sobre viaturas seguras

Em abril do ano passado, a PMDF já havia limitado o uso dos chamados veículos de suspensão alta, como era o caso do que era dirigido pelo cabo Renato Fernandes, de 37 anos, na última sexta-feira
Uma sequência de acidentes com viaturas da Polícia Militar do Distrito Federal - que resultou, inclusive, na morte de um cabo na semana passada - fez a corporação instituir uma comissão que viajará aos Estados Unidos para aprender com a polícia de Michigan sobre segurança de veículos.
Ontem, a alta cúpula do comando passou parte da tarde e toda a noite reunida para tratar de assuntos relacionados ao tema. Até a publicação desta matéria, o encontro, realizado no comando-geral da corporação, não havia acabado. 
 Em abril do ano passado, a PMDF já havia limitado o uso dos chamados  veículos de suspensão alta, como era o caso do que era dirigido pelo   cabo Renato Fernandes, de 37 anos, na última sexta-feira. 
Ele morreu em serviço, durante uma perseguição, quando a viatura -   Mitshubishi Pajero Dakar  - capotou e bateu em um poste na BR-070. Fernandes era motorista do  Grupo Tático Operacional  (GTOP), lotado no Segundo Batalhão de Polícia Militar (2º BPM) de Ceilândia. Outros três policiais ficaram feridos no acidente, cujas causas ainda são apuradas pela polícia.
Tragédia anunciada
 A Polícia Militar adquiriu 318 veículos Pajero em 2012. E optou por veículos  mais altos, segundo a corporação informou ao Jornal de Brasília na época, para que pudessem  “subir meio-fio, passar por terrenos irregulares etc”.
A falta de  estabilidade dos veículos, no entanto,  já tinha sido  apontada pela corporação, há quase um ano, quando, após uma sequência de acidentes, decidiram que os utilitários de luxo não seriam mais usados por grupamentos que trafegam a mais de 60 quilômetros por hora.
Na época, o comando informou que  estudaria  o desempenho das 318 Mitsubishi Pajero utilizadas pela corporação e que remanejaria toda a frota. 
Sem resposta
A assessoria de comunicação da Polícia Militar do DF não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre o número de viaturas que compõe a frota da corporação, os  modelos e quanto tempo os veículos têm de uso. Segundo a corporação, não foi possível atender à demanda do Jornal de Brasília ,   pois o setor responsável não estava “funcionando” ontem. 
Acidentes durante perseguição
O acidente que culminou na morte de cabo Renato Fernandes ocorreu na tarde de sexta-feira, quando ele dirigia a viatura em uma perseguição. Na altura da Barragem do Descoberto, entre Ceilândia e Águas Lindas de Goiás (GO), o carro saiu da pista, capotou e ainda bateu em um poste do canteiro central da via. Fernandes sofreu uma parada cardiorrespiratória e chegou a ser socorrido pelos bombeiros, mas morreu no local.  Outras duas viaturas capotaram horas antes, também durante uma perseguição, na área central de Brasília. Os militares tentavam recuperar um carro furtado, quando tentaram invadir o gramado e capotaram.
 
Policiais dizem que há falta de manutenção
Entre as reivindicações mais comuns dos policiais militares do DF está a manutenção das viaturas utilizadas todos os dias pela corporação. Reclamam também de coletes e munições vencidos, por exemplo, além das prometidas promoções que nunca ocorrem e da falta de um plano de carreiras para a categoria.
O Jornal de Brasília publica, com frequência, as reclamações da categoria e a  crise instalada na segurança pública, que culminaram, inclusive, com ações de uma Operação Tartaruga, silenciosa, que ocorre na base da corporação.
 
Instabilidade
A  Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares do Distrito Federal (Aspra-DF) diz que alerta, há muito tempo, para a instabilidade dos veículos utilizados pelos militares. “Sem falar que  as viaturas não têm manutenção periódica”, aponta o sargento Sansão, vice-presidente da entidade.
“O próprio fabricante indica que não pode trafegar em velocidade alta, principalmente em curvas. Não sei por que esses veículos ainda são utilizados no dia a dia. Precisamos de  carros que ofereçam mais segurança, mais adequados para a defesa da população”, argumenta Sansão, ao citar que a burocracia também trava a manutenção dos veículos.  
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília.