Corra que a população vem aí
Folha extra
Diferente do filme “Corra que a polícia vem aí”, a situação aqui tratada não é comédia – embora seja motivo de risos para muitos. A cena do presidente da câmara de vereadores de Jacarezinho, Valdir Maldonado (PDT), saindo dentro de um camburão da Polícia Militar da câmara do município ganhou o Paraná nesta terça-feira.
E não, Maldonado não está sendo acusado de transgredir alguma lei. O que causou a fúria da população jacarezinhense foi o fato do político não ter atendido a um amplo pedido do povo para colocar em discussão o projeto que reduz para um salário mínimo o subsídio dos vereadores.
E não, Maldonado também não negou o pedido, apenas tentou postergar o tema. A câmara tem regimentalmente 90 dias para analisar projetos do gênero – como este só foi protocolado semana passada, ainda haveria prazo.
Haveria, se não fosse o saco cheio da população. Claro que a culpa não é de Valdir Maldonado. Ele está pagando pela insatisfação geral que os brasileiros têm para com os políticos. De repente, após 4 mil assinaturas, e diante de 3 mil pessoas que lotaram o plenário da câmara e rua que dá acesso ao local, o que se esperava era o imediato acato ao pedido.
O resultado foi o que a TV mostrou durante toda esta terça, com o vereador sendo xingado por centenas de pessoas, e só conseguindo sair do local após entrar na viatura da PM. De repente Jacarezinho tinha um novo “inimigo número 1”.
Entretanto, este tipo de cobrança precisa ser coerente. Claro que a população iria babando em cima dos vereadores após um deles dar uma das declarações mais toscas da política regional nos últimos anos ao se referir a um pequeno grupo de manifestantes como “meia dúzia de gato pingado achando que coloca pressão em alguém”, durante a aprovação do projeto que aumentou o número de cadeiras do Legislativo local de 9 para 13. Mas há de haver coerência e inteligência no que se pede.
De qualquer forma fica a lição de que é o governo que deve temer o povo, e não o contrário.