quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Ponta Grossa, bebê morre durante parto realizado em casa

Um parto domiciliar acabou com a morte de um bebê no fim da manhã desta terça-feira (18) em Ponta Grossa. Equipes do Corpo de Bombeiros e do Samu chegaram a ser acionadas, mas a criança não reagiu após sofrer uma parada cardiorrespiratória (PCR) e morreu ainda na casa da família, na rua Ernesto Vilela, próximo ao posto Nova Rússia do Corpo de Bombeiros da cidade. 
A criança teve o mal súbito durante o parto, que era realizado na casa da família e contava com o apoio de uma enfermeira de uma clínica especializada em parto humanizado - tudo havia sido planejado pela família. Os socorristas foram acionados, não conseguiram salvar a vida do bebê e encaminharam a mãe até a Santa Casa de Misericórdia. Os socorristas do Samu registraram um boletim de ocorrência relatando o caso.
A menina tinha 4,465 quilos e tinha 57 centímetros. De acordo com o pediatra Rodrigo de Souza Netto, a gestação era de 40 semanas e o bebê era viável. “O nascimento não é algo simples, ele tem suas complicações, e as pessoas estão valorizando simplesmente as mulheres, as mães estão valorizando o corpo e estão esquecendo do recém-nascido, que é o verdadeiro protagonista da história”, comenta o médico.
“Os profissionais que estão desenvolvendo esse trabalho, fazendo isso [parto] dentro de casa, estão pondo em risco a vida dos recém-nascidos e das mães também”. 
O pediatra acredita que, pelas características, a morte tenha acontecido por asfixia, mas apenas exames no Instituto Médico Legal (IML) de Ponta Grossa poderão determinar a causa da morte.
“Se estivesse no hospital, com um médico que está acompanhando o paciente, e ele vê que o parto não está evoluindo de maneira adequada, imediatamente ele vai providenciar uma cesárea, chamar um pediatra. O que as pessoas estão achando é que, no momento que ocorre uma complicação, é só chamar o Samu e tudo se resolve, só que as pessoas estão esquecendo de todas as variáveis que existem na sequência”, completa o médico.
Netto se mostrou bastante revoltado com a situação e lembrou que esta não foi a primeira vez que isso aconteceu na cidade. “Já existiu outro caso em que a criança também foi a óbito e também foi parto domiciliar, o óbito aconteceu num período mais tarde, 20 dias após o parto, que ainda é o período pós-parto”, explica, questionando ainda os órgãos públicos sobre atitudes para evitar esses problemas. 
“Eu me pergunto onde está a Vigilância Sanitária, que permite esse tipo de coisa. Onde estão os órgãos públicos que permitem esse tipo de atendimento. Isso não está certo e quem tá pagando o pato são crianças inocentes”, conclui.
A delegada do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria), Ana Paula Cunha Carvalho, informou que a mãe da criança será chamada para prestar depoimento assim que receber alta do hospital. A enfermeira contratada para auxiliar no parto e o médico do Samu que prestou atendimento à ocorrência serão intimados para explicar o que aconteceu durante o procedimento. A família da criança foi procurada, mas não quis se pronunciar sobre o caso.

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