A associação de defesa do consumidor Proteste realizou testes
com amostras de pó de café e em farinha de trigo de diversas marcas e encontrou
desde inseto a pelos de roedores, de acordo com os resultados da análise
divulgados nesta quinta-feira (17). Os níveis de “matéria estranha” estariam
acima do limite estabelecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).
De acordo com a Proteste, os testes foram realizados com base
no regulamento técnico da Anvisa que estabelece os requisitos mínimos
para avaliação de matérias estranhas macroscópicas e microscópicas em alimentos
e bebidas, assim como seus limites de tolerância. No pó de café, o máximo
permitido são 60 fragmentos de insetos em 25g do alimento. Já na farinha de
trigo, o limite tolerado é 75 fragmentos de insetos em 50 g do alimento.
Segundo os testes, o café produzido pela empresa Melitta
foi a única marca que não foi aprovada. Foi encontrado um inseto
inteiro morto em 25g de amostra. “Isso mostra que pode ter havido falhas no
processo de produção, manipulação ou armazenamento do produto”, declarou a
Proteste. O café da marca “3 Corações” foi encontrado 15 fragmentos de insetos
na amostra, o que está dentro da legislação, e as amostras das marcas Caboclo e
Pilão não apresentaram matéria estranha.
Nos testes realizados com a farinha de trigo, a embalagem da
“Sol” continha fragmentos de pelo de roedores em 50g da amostra e foi
considerada imprópria para consumo. Não existe tolerância para a pelos de
roedores para o produto. “Isso mostra grave falha no processo de
fabricação do produto. Vale destacar ainda que, segundo a legislação, pelos de
roedores, como os de rato, os de ratazana e os de camundongo, são potenciais
transmissores de doenças”, diz a Proteste.
As outras farinhas de trigo avaliadas, Renata, Dona Benta e Rosa
Branca, apresentaram, respectivamente, 33, três e cinco fragmentos de insetos
em 50 g de amostra. Todas dentro do limite estabelecido pela agência
reguladora.
“Dessa forma, frente aos problemas, pedimos a retirada dos lotes
do café Melitta e da farinha de trigo Sol do mercado. Além disso, continuamos
na luta por uma legislação mais rigorosa em relação à presença de matérias
estranhas nos alimentos oferecidos aos consumidores: na prática, pedimos a
revisão do regulamento técnico da Anvisa que trata desse assunto”, finaliza a
Proteste.
Outro lado
Em nota, a Mellita diz desconhecer os procedimentos utilizados
para o teste dos produtos e realizar análises periódicas com laboratórios
independentes certificados. “Em nenhum momento foram encontradas as
irregularidades divulgadas pelo Instituto Proteste”, relata a marca.
A J.Macêdo, fabricante da farinha de trigo Sol, apresentou
laudos de laboratório credenciado pela Anvisa que atestam não ter sido
identificada nenhuma inconformidade no mês de produção indicado pelo número
parcial de lote divulgado pela Proteste. “A J.Macêdo tem contraprovas dos
lotes de produção e já os submeteu a exame em laboratório externo credenciado
pela Anvisa, a fim de resguardar e dar a seus consumidores a garantia de seu
rigor em relação aos seus procedimentos de fabricação.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário