Embora
diga que não planeja concorrer a novo mandato, Temer procura driblar os altos
índices de impopularidade e se credenciar para a corrida eleitoral de outubro
O presidente Michel Temer vai intensificar as viagens pelo País e aparecer cada
vez mais em programas de rádio e TV não apenas para tentar conquistar apoio à
reforma da Previdência, mas também para suavizar sua imagem. Embora diga que
não planeja concorrer a novo mandato, Temer procura driblar os altos índices de
impopularidade e se credenciar para a corrida eleitoral de outubro
O MDB encomendou uma pesquisa
nacional, após a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 12
anos e 1 mês de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4). O
partido quer avaliar se há chance para crescimento de Temer. "Às vezes as
pessoas não vão com a minha cara, mas é preciso analisar o que está sendo feito",
afirmou o presidente em entrevista à Rádio Metrópole, de Salvador, ao comentar
os porcentuais de desaprovação.
Pesquisa Datafolha divulgada nesta
quarta-feira, 31, mostrou que Temer tem 60% de rejeição. Além disso, 87% dos
entrevistados disseram que não votariam no candidato indicado por ele. Em um
dos cenários eleitorais, o presidente aparece com apenas 1% das intenções de
voto.
"A eleição deste ano será muito
dura e haverá muito enfrentamento. O presidente Temer tem de ser avaliado no
fim da sua gestão. Não é fácil fazer reformas no Brasil, principalmente a da
Previdência", disse o senador Romero Jucá (RR), líder do governo e
presidente do MDB. "Temer é o candidato natural do MDB. Ele querendo,
será", emendou o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun.
A intenção do partido, ao fazer novo
levantamento, também é medir o desempenho de outros pré-candidatos do espectro
político de centro, como o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin (PSDB), além da performance de adversários do Planalto. A
cúpula do MDB quer, ainda, saber a opinião de eleitores sobre as principais
áreas do governo.
Integração
Temer participará nesta sexta-feira,
2, da cerimônia de entrega de estação do projeto de integração do Rio São
Francisco, em Cabrobó (PE). Na terça-feira, 30, esteve em Rio Verde (GO), onde
conversou com produtores rurais e desafiou opositores a criticar ações de sua
gestão. Ele planeja, ainda, entregar moradias do Minha Casa Minha Vida.
Nos últimos dias, foram veiculadas
várias entrevistas concedidas por Temer: nos programas Silvio Santos, Amaury
Jr. e do Ratinho. Ele também falou a rádios populares do Nordeste. Sua
estratégia para parecer menos formal, agora, é apostar no estilo "gente
como a gente".
O Planalto e o MDB acham difícil que
partidos aliados lancem um único concorrente na eleição, mas não abandonaram
esse plano. No diagnóstico do núcleo político do governo, Alckmin não defenderá
Temer na campanha e não deve ter seu aval. "O ideal é que haja um só
candidato ou que todos conversem e depois possam se unir", afirmou Jucá.
"É muito importante que as candidaturas possam ser postas, mas que, após
esse período, exista maturidade para se consolidar um bloco."
A definição sobre o nome ungido pelo
MDB ficará para o fim de março, quando será feita a reforma ministerial. No
mesmo mês haverá a "janela partidária", época em que parlamentares
podem trocar de sigla sem o risco de perder o mandato. Até lá, Temer tentará
superar sua rejeição. Em conversas reservadas, auxiliares do presidente
observam que o xadrez eleitoral do Planalto precisa estar pronto em dois meses,
para que não haja debandada de aliados.
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