sábado, 23 de janeiro de 2016

Vazamento mostra controle de fundo secreto sobre Santos e Geuvânio

Arquivo:Geuvânio.png
O contrato entre Santos e o Doyen Sports dá controle quase total ao fundo em qualquer operação de transferência de Geuvânio. O teor do documento ficou conhecido porque o site “football.leaks'' vazou seu conteúdo nesta sexta-feira. A divulgação do acordo ocorreu justamente quando o Santos decidiu não pagar a quantia de € 3,85 milhões a que o Doyen teria direito na venda do atleta para o Tinjian Quanjin, da China.
Pelo contrato com o Santos, o fundo tem direito a receber um valor mínimo pela transferência, ser indenizado em caso de fim de vínculo com Geuvânio, receber juros, ser comunicado sobre propostas, exigir que o clube recompre os direitos e aprovar trocas com atletas. Mais do que isso, o Doyen pode cobrar diretamente do chinês Tianjin Quanjian o percentual de Geuvânio, ou tomar posse de uma conta do Santos. O acordo foi assinado pelo ex-presidente santista Olídio Rodrigues.
O documento está em uma zona cinzenta da regularidade das normas da Fifa. Em sua legislação, a entidade proíbe ingerência de terceiros na gestão do futebol de um clube. A operações do fundo maltês estão sob investigações da Fifa desde o vazamento de seus documentos. A origem do seu dinheiro é incerta já que opera com diversas empresas em paraísos fiscais, e diferentes sócios ocultos.
Para tentar evitar punições, o contrato entre Santos e o grupo estabelece “a independência do clube na gestão da utilização do jogador''. Mas são tantas as restrições para o time que essa liberdade é questionável.
O Doyen pagou € 750 mil pelos 35% dos direitos econômicos de Geuvânio, em novembro de 2014, fim da gestão de Odílio. De cara, o contrato estabelece que o Santos não deve pagar nenhum imposto, e por isso não deve emitir fatura tributária. Se for obrigado por lei, o clube que deveria quitar pendências.
No caso de uma proposta por Geuvânio, o Santos tem de informar detalhes ao Doyen. O valor mínimo para ser aceito era € 4 milhões. Menos do que isso, o clube teria de compensar o fundo para vender o atleta. Ou seja, teria de garantir o € 1,4 milhão referente aos 35% sobre o valor mínimo.
Se fosse feita uma venda conjunta ou troca com atletas, o Santos teria de fazer relatórios para o fundo explicando os valores de cada jogador e a possibilidade de o Doyen trocar os direitos de Geuvânio por outros. Sempre a palavra final é do fundo. Caso o jogador fosse até o final do contrato, e ficasse livre, o Doyen receberia seu investimento inicial, mais juros de 10%, o que daria € 912 mil.
Além de obter as melhores condições para o seu dinheiro, o fundo tem a prerrogativa de sair pelo mundo para oferecer o jogador. E tem o direito de determinar a venda do jogador se chegar ao valor mínimo (€ 4 milhões). Se o Santos não concordasse, poderia segurar o atleta só se indenizasse o Doyen.
A situação atual, em que o Santos não quer pagar o Doyen, também provoca um cenário favorável ao grupo maltês. É dado como garantia o contrato do Santos com a Meltex de licenciamento do clube. É o dinheiro de franquias de lojas e vendas de produtos com a marca santista.
Pior, a diretoria santista deu uma procuração para o fundo operar a sua conta vinculada que recebe os recursos do uso da marca do time. Ou seja, o Doyen pode simplesmente bloquear € 912 mil da conta do Santos. Há ainda uma nota promissória assinada pelo clube neste valor com execução imediata.
O presidente do Santos, Modesto Roma Jr., considerou o atual acordo ilegal e por isso não quer pagar o Doyen. Procurado pelo blog, ele disse que não poderia falar: “Está com o departamento jurídico'', afirmou. Não foi possível contato com o Doyen.

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