segunda-feira, 2 de maio de 2016

Prefeito afastado de Chopinzinho renuncia para perder foro privilegiado

Leomar Bolzani (PSDB) é acusado de participar da morte de procurador.
Advogado acredita que, deixando o TJ, julgamento poderá ser mais rápido.

Fabiula Wurmeister Do G1 PR(Foto: Prefeitura de Chopinzinho/ Divulgação)
O prefeito afastado de Chopinzinho, no sudoeste do Paraná, Leomar Bolzani (PSDB), renunciou ao cargo. Ele é suspeito de mandar matar o procurador do Município, Algacir Teixeira de Lima, em março de 2015. Caso a renúncia seja aceita pela Câmara de Vereadores, Leomar poderá perder o foro privilegiado e passar a ser julgado pela Comarca de Chopinzinho, não mais pelo Tribunal de Justiça.
“Desde o início ele queria ser julgado por Chopinzinho, pelo seu Município. Ele insistiu, foi orientado e estamos fazendo isso agora, com a renúncia. A rapidez no andamento do julgamento é um dos fundamentos. Mas, o principal é que ele é daqui, filho de Chopinzinho, prefeito da cidade. Por isso, a motivação maior é perder o foro privilegiado e ser julgado por seus pares”, destacou o advogado de defesa, Auro Almeida Garcia.
O comunicado oficial da renúncia foi entregue à Câmara Municipal na sexta-feira (29) e deverá ser analisado pelos vereadores na sessão de terça-feira (3), a partir das 18h. Se aceita, o prefeito em exercício, Rogério Masetto (PDT), será efetivado no cargo.
Bolzani cumpre prisão domiciliar com o uso de tornozeleira eletrônica desde novembro. Desde então ele não pode ultrapassar o limite de dez metros de casa e está proibido de fazer contato com parentes do procurador ou testemunhas do processo, além de não poder se mudar ou sair de casa sem autorização da justiça. Caso a renúncia seja aceita e o processo encaminhado à Vara de Justiça de Chopinzinho, caberá ao juiz local decidir se a prisão será mantida nos mesmos moldes.
“Vamos tentar revogar essa prisão para que ele, que é professor, possa voltar a trabalhar”, comentou Garcia.
Procurador foi morto quando chegava em casa
com as duas filhas (Foto: Reprodução RPC)

O caso
Segundo as investigações, o crime foi motivado por uma denúncia feita pelo procurador sobre a ação de um grupo que vinha agindo dentro da prefeitura de Chopinzinho e era chefiado pelo então prefeito. O procurador foi morto a tiros quando chegava em casa. Na época, sete pessoas foram presas, entre elas o então prefeito.

Em julho de 2015, o homem que confessou ter assassinado Lima negou ao juiz que cometeu o crime a mando do prefeito afastado e do ex-assessor Giovane Baldissera. Ele disse que agiu sozinho e matou a vítima por causa de uma dívida de R$ 2,5 mil.
Apesar de negar a participação de Bolzani ao juiz, em um vídeo divulgado pela polícia, o homem que confessou ter assassinado o procurador aparece dizendo que estava sendo pressionado a terminar o serviço. Ele cita "Pardal", apelido do ex-assessor do prefeito, e de uma mulher, conhecida como macumbeira, que teria intermediado a contratação do atirador, segundo a polícia.
A mulher também chegou a confessar para a polícia o envolvimento no crime. Mas, diante do juiz da Vara Criminal ficou calada. O marido dela e os dois irmãos, que teriam ajudado na fuga do assassino, de acordo com a investigação, também não falaram.
Por enquanto, apenas o ex-assessor do prefeito e a mulher tiveram o julgamento marcado. O júri popular deverá ser realizado no dia 29 de junho, em Guarapuava. Os demais aguardam o resultado de recursos apresentados.