Prisão foi decretada pelo ministro Edson Fachin, do STF, que também suspendeu acordo de benefícios
O empresário Joesley Batista e o executivo Ricardo Saud, do grupo J&F, se entregaram à Polícia
Federal em São Paulo na tarde deste domingo (10). A informação foi confirmada
pela assessoria da empresa. A prisão temporária foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson
Fachin a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
O pedido de prisão foi feito depois de Janot concluir que os colaboradores esconderam do
Ministério Público fatos criminosos que deveriam ter sido contados nos
depoimentos. A conclusão de que os delatores omitiram informações passou a ser
investigada pela PGR a partir de gravações entregues pelos próprios delatores
como complemento do acordo.
A PGR também pediu a prisão do ex-procurador da
República Marcelo Miller, mas Fachin disse que não há elemento indiciário com a
consistência necessária à decretação da prisão temporária.
Fachin havia determinado que o cumprimento dos
mandados ocorressem com a “máxima discrição e com a menor ostensividade”,
evitando o uso de algemas, pois não se trata de pessoas perigosas. “Deverá a
autoridade policial responsável pelo cumprimento das medidas tomar as cautelas
apropriadas, especialmente para preservar a imagem dos presos, evitando
qualquer exposição pública”, diz a decisão.
No sábado, a defesa do grupo JBS colocou à disposição os passaportes do empresário Joesley Batista e do ex-diretor de
Relações Institucionais da holding Ricardo Saud. A defesa do ex-procurador
Marcelo Miller também colocou os documentos dele à disposição.
De acordo com decisão do ministro os
delatores terão de cumprir inicialmente prisão temporária, com prazo de
cinco dias. Depois, o encarceramento pode ser estendido por igual período ou convertida em prisão preventiva, sem
prazo para acabar.
O pedido para prender os dois delatores da J&F e o ex-procurador
Marcelo Miller havia sido apresentado ao STF sob sigilo pelo Procurador-Geral
da República, Rodrigo Janot, na noite da sexta-feira,
no momento em que o ex-procurador estava depondo no procedimento aberto pelo
chefe do Ministério Público Federal (MPF) para revisar o acordo de delação
premiada de Joesley, Saud e do advogado Francisco de Assis e Silva, também
diretor do grupo.
Em nota a assessoria do grupo JBS confirmou a apresentação de Joesley e
Saud à PF:
Nota Defesa Joesley Batista e Ricardo Saud
Joesley Batista e Ricardo Saud, da J&F, se apresentaram
voluntariamente à Superintendência da Polícia Federal, na tarde de hoje, em São
Paulo.
Joesley Batista e Ricardo Saud reafirmam que não mentiram nem
omitiram informações no processo que levou ao acordo de colaboração premiada e
que estão cumprindo o acordo.
Em todos os processos de colaboração, os colaboradores entregam os
anexos e as provas à Procuradoria e depois são chamados a depor. Nesse caso,
Joesley Batista e Ricardo Saud ainda não foram ouvidos.
No dia 31 de agosto, cumprindo o prazo do acordo, além dos áudios,
foi entregue uma série de anexos complementares, e os dois colaboradores ainda
estão à espera de serem chamados para serem ouvidos.
O empresário e o executivo enfatizam a robustez de sua colaboração
e seguem, com interesse total e absoluto, dispostos a contribuir com a Justiça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário