Parlamentar tem ‘o dever de assumir uma postura mais respeitosa’, diz magistrada ao condená-lo a pagar 50.000 reais por ofender quilombolas em palestra
Nesta terça-feira, a juíza Frana Elizabeth Mendes,
da 26ª Vara Federal do Rio de Janeiro, condenou o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ)
por causa de expressões consideradas pejorativas à população quilombola, em
palestra no Clube Hebraica, na capital fluminense, em abril. Ao concluir sua
decisão e determinar que o parlamentar pague uma multa de 50.000 por danos
morais coletivos, a magistrada também “passou um sabão” (expressão popular que
significa “dar uma bronca”, “repreender”, “dar uma dura”) no parlamentar.
Entre outras coisas, disse a Bolsonaro
que “política não é piada, não é brincadeira”. Em sua defesa, além de
argumentar que conta com imunidade parlamentar, o deputado disse estar fazendo
uma piada quando ironizou uma visita a um quilombo, dizendo que “o afrodescendente
mais leve lá pesava sete arrobas” – arroba é uma medida usada para pesar
animais e equivale a 15 kg cada. “Não fazem nada. Eu acho que nem para
procriador ele serve mais. Mais de 1 bilhão de reais por ano é gasto com eles”,
completou.
A juíza
discordou da alegação e apontou que política “deve ser tratada e conduzida
de forma séria e respeitosa por qualquer exercente de poder”. Sendo
um parlamentar e “uma pessoa de altíssimo conhecimento público em âmbito
nacional”, o deputado federal tem, ressalta a juíza, “o dever de assumir uma
postura mais respeitosa com relação aos cidadãos e grupos que representa, ou
seja, a todos, haja vista que suas atitudes influenciam pessoas, podendo
incitar reações exageradas e prejudiciais à coletividade”.
A reportagem tentou, sem sucesso, ouvir Bolsonaro
sobre a sentença. Ele também não se manifestou sobre o caso em suas redes
sociais.
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