Menino de 14 anos que matou duas pessoas a tiros no Colégio Goyases, em Goiânia, afirmou sofrer bullying de colegas e que planejou o ataque há dois meses
Em depoimento prestado à Delegacia Estadual de Apuração de Atos
Infracionais (Depai) de Goiás nesta sexta-feira, o menino de 14 anos que matou
dois alunos a tiros no Colégio
Goyases, em Goiânia, disse que planejava a ação havia dois
meses e que se inspirou nos ataques de Columbine (EUA) e de Realengo (Rio de Janeiro).
“Ele (atirador) se inspirou em duas tragédias. Uma
delas nos EUA, em Columbine, e outra em Realengo, aqui no Brasil. Dessa
inspiração fez nascer a ideia de matar alguém”, afirmou o delegado Luiz Gonzaga
Junior.
Ocorrido em abril de 1999, o massacre na Columbine
High School, no Colorado, foi considerado um dos ataques a escola mais
sangrentos da história dos EUA. Na época, dois alunos com armamento pesado
invadiram o colégio e mataram doze estudantes e um professor. Além disso,
deixaram mais 21 pessoas feridas.
Já o de Realengo, na Zona Sul do Rio, aconteceu em
2011. Um ex-aluno da escola municipal Tasso da Silveira – Wellington Menezes de
Oliveira, de 23 anos – invadiu uma sala de aula atirando e matou doze
adolescentes.
Segundo o delegado, o atirador disse no depoimento
que foi com a intenção de matar apenas o colega que fazia bullying contra ele.
Mas depois de matar esse aluno, o menino de 14 relatou ter tido vontade de
matar mais.
Tímido e reservado
O suspeito era considerado tímido e reservado,
permanecia quase sempre afastado dos colegas, sendo que parte destes
fazia bullying com ele por causa de um suposto
mau cheiro.
O relato é de Thiago Barbosa, pai de Hyago Marques
Barbosa, de 13 anos, um dos feridos pelos disparos que teriam vindo de um estudante de 14
anos. Thiago contou a VEJA ter ouvido de colegas do filho que o atirador passou
por uma situação de tensão no ambiente escolar.
Momentos
antes do episódio, alunos entregaram jocosamente ao atirador um desodorante,
como forma de ironizá-lo em razão do apelido de “fedorento” que haviam
atribuído a ele. “Meu filho me conta tudo, ele já tinha me dito que tinha
esse menino na sala, que era mais reservado, ficava na dele”, contou.
O tiroteio deixou dois mortos, João Vitor Gomes e
João Pedro Calendo, com idades entre 10 e 12 anos. Outros quatro estudantes
ficaram feridos – além de Hyago, Lara Fleury Borges, de 14 anos, Marcela Rocha
Macedo, de 13 anos, e Isadora de Morais Santos, de 14 anos. O ataque teria
ocorrido por volta das 11h40, cerca de vinte minutos antes do fim das aulas,
quando o autor dos disparos teria saído e voltado à classe.
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