terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Endereço liga Rossoni a construtora investigada na Operação Quadro Negro

Uma sala comercial no Centro Cívico, no 20º andar do edifício Palladion, levanta suspeitas sobre o relacionamento do secretário-chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni (PSDB), com a construtora Valor. A empresa é investigada por desvios de até R$ 20 milhões, apontados pela Operação Quadro Negro, deflagrada pela Polícia Civil em julho de 2015.
Segundo informações divulgadas ontem pela Folha de São Paulo, a PB Construtora (empresa que pertencia ao dono da Valor, Eduardo Lopes de Souza) funcionou no mesmo endereço que o escritório político de Rossoni, em Curitiba. A empresa atuou entre julho de 2013 e dezembro de 2014.
O imóvel é de propriedade da J4RL Holding, de Jeferson Nazário. Além de dono do local, ele foi o próprio fiador do aluguel com Rossoni.
Aluguel
Extrato do aluguel de Rossoni no Centro Cívico
O imóvel foi alugado pelo político quando ele era deputado federal, entre 2015 e 2016. Segundo a assessoria de imprensa de Rossoni, ele nunca teve qualquer informa- ção sobre atividades anteriores da PB Construtora no local e o aluguel foi feito dentro da legalidade. O acordo foi feito sob intermediação de uma imobiliária de Curitiba.
Investigações
A Operação Quadro Negro apontou um esquema em que funcionários do governo do Estado emitiam laudos fraudulentos sobre obras em escolas estaduais. De posse dos documentos, as construtoras recebiam por antecipa- ção os valores dos contratos – pagamentos estes que só poderiam ser feitos após a conclusão de, ao menos, um percentual das obras. Depois, aditivos aos contratos eram concedidos.
Segundo o TCE (Tribunal de Contas), no total, R$ 29,7 milhões podem ter sido desviados em 14 projetos, sendo que a Construtora Valor participou de metade deles.
Outro lado
De acordo com a assessoria de imprensa de Rossoni, o secretário-chefe da Casa Civil somente foi citado durante as investigações, mas ele não tem conhecimento de nenhuma investigação aberta, em qualquer nível do Judiciário.
Ainda de acordo com a assessoria, uma das citações fala sobre uma atuação parlamentar normal. Uma testemunha teria relatado que liga- ções telefônicas foram feitas do gabinete de Rossoni para a construtora Valor. Isso, no entanto, seria regular, pois parte do trabalho dos deputados é cobrar a conclusão de obras juntos às empresas, pois eles são procurados pelos prefeitos do interior para isso.
Já o proprietário da sala, Jeferson Nazário, está em viagem internacional e não poderia dar mais informações, segundo seu escritório. A defesa de Eduardo Lopes, que responde ao processo em liberdade, não foi encontrada.
Filho também contratou empresa
A construtora Valor começou a ganhar contratos no Estado depois de começar a atuar em Bituruna, cidade então comandada por Rodrigo Rossoni, filho do secretário-chefe da Casa Civil, em 2012. Naquele ano a prefeitura pagou para a construtora R$4,5 millhões para pavimentação de ruas e construção de escolas, segundo dados do Portal de Transparência do Município. No ano seguinte foram pagos mais R$ 1,5 milhão.
De acordo com a assessoria de Valdir Rossoni, as obras em Bituruna foram investigadas e concluídas de acordo com o contrato. Segundo ele, os preços obtidos possibilitaram, inclusive, devolução de recursos ao governo do Estado.

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