sexta-feira, 14 de abril de 2017

Delações da Odebrecht: sete políticos paranaenses aparecem em planilha apresentada por ex-executivo

O nome de sete políticos paranaenses aparecem em uma tabela apresentada à Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo ex-executivo da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Junior. No entanto, não há pedido de investigação contra nenhum dos sete citados.
A planilha detalha 642 pagamentos que teriam sido feitos via caixa dois para quase 200 políticos. Entre 2008 e 2014, há registro de R$ 246 milhões em repasses ilegais.
O documento é do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, departamento criado pela empresa para operar o repasse de quantias de propina a políticos e funcionários públicos.
Os papéis foram entregues à PGR detalham os nomes dos candidatos, os apelidos, os cargos a que eles concorreram, os valores, quem teria pedido o dinheiro e qual seria o interesse da empresa ao fazer os repasses.
No depoimento prestado aos procuradores, o ex-executivo fala o que sabia sobre os repasses.
“Eu passei o olho, identifico que são todos agentes públicos. Não conheço 20% das pessoas que estão aqui pessoalmente, mas entre meus executivos, tinham uma relação direta com esses agentes públicos e por isso pediram doações de forma ilícita para eles”, afirmou.
Os nomes aparecem na lista em ordem alfabética. Entre políticos do Paraná estão:
- Ademar Traiano (PSDB), atual presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, com o apelido “praia”. Repasse: R$ 50 mil, em 2010;
- André Vargas, ex-deputado federal pelo PT, agora sem partido e preso e já condenado na Operação Lava Jato, com o apelido “parente”. Repasse: R$ 75 mil, em 2010;
- Cida Borghetti (PP), atual vice-governadora do Paraná, com o apelido “princesa”. Repasse: R$ 50 mil reais, em 2010, ano em que foi eleita deputada federal;
- Durval Amaral, atual presidente do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR), apelido “amarelou”. Dois pagamentos, num total de R$ 120 mil, em 2010. Nesse ano, ele foi eleito deputado estadual pelo DEM;
- Gustavo Fruet (PDT), ex-prefeito de Curitiba, com o apelido "dentuço". Dois pagamentos num total de R$ 200 mil, entre 2010 e 2012. Ele foi deputador federal até 2010, concorreu ao senado e, em 2012, foi eleito prefeito de Curitiba.
- Luiz Carlos Hauly (PSDB), deputado federal, com o apelido “decodificado”. Repasse: R$ 50 mil, em 2010;
- Plauto Miró (DEM), deputado estadual, com o apelido “grosseiro”. R$ 50 mil, em 2010.
Veja as informações completas da planilha na imagem abaixo:

O outro lado

Em nota, a assessoria do deputado estadual Ademar Traiano disse que todas as doações recebidas durante a campanha foram dentro da lei e aprovadas pela Justiça Eleitoral.
A defesa do ex-deputado André Vargas afirma que nunca recebeu qualquer pagamento irregular. Além disso, ressalta que ainda não tomou conhecimento sobre as informações que constam nesta planilha divulgada agora.
A vice-governadora Cida Borghetti nega o recebimento dos recursos citados na planilha. Ela disse, também, que não era deputada em 2010 e que, portanto, não poderia dar nenhuma contrapartida à Odebrecht. No entanto, a RPC lembra Cida foi eleita deputada federal em 2010 assumiu o mandato em 2011.
Por meio da assessoria de imprensa, o presidente do TCE-PR Durval Amaral informou que todas as doações recebidas pela sua campanha naquele ano foram legais e estão declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral.
A assessoria do ex-prefeito de Curitiba Gustavo Fruet disse que, ao contrário do que informa a lista, em 2010, Fruet não disputou eleição de deputado, e sim de senador; e não foi eleito. E que, em 2012, a coligação recebeu de forma oficial 300 mil reais doados pela Odebrecht ao diretório nacional do PDT, e devidamente declarados. A nota diz, ainda, que Gustavo Fruet foi eleito prefeito e não assinou nenhum contrato com a empresa durante os quatro anos de mandato na Prefeitura de Curitiba.
O deputado estadual Plauto Miró disse que todas as doações que ele recebeu foram informadas à Justiça e aprovadas. Ele falou também que está à disposição da Justiça.
RPC tenta contato com o deputado federal Luiz Carlos Hauly.

Nenhum comentário:

Postar um comentário